Professor que humilhou aluno em escola de SP não tem diploma de Harvard

O professor Messias Basques, responsável por humilhar um aluno da Escola Avenues durante uma palestra da indígena Sônia Guajajara, não possui diploma da Universidade Harvard. Quando usou seus títulos acadêmicos para menosprezar o estudante que defendeu o agronegócio brasileiro, o docente afirmou repetidas vezes ser “especialista” na instituição.

Basques inseriu em seu currículo na plataforma Lattes que possui especialização em Estudos Afro-Latino-Americanos. O curso promovido por Harvard, contudo, custa US$ 250, é on-line e não concede diploma acadêmico, segundo a própria universidade.

O currículo de Basques na plataforma Lattes

O currículo de Messias Basques na plataforma Lattes

O curso de Estudos Afro-Latino-Americanos

No pé da página, a aviso de Harvard: o curso não implica a concessão de diploma

Leia na íntegra as indicações de Harvard

“Os cursos são oferecidos por uma equipe internacional de estudiosos reconhecidos, que contribuíram substancialmente para o desenvolvimento dos Estados Afro-Latino-Americanos. Os cursos são voltados para estudantes, ativistas, funcionários públicos, acadêmicos e público em geral, especialmente na América Latina. As aulas são em espanhol e em português, e os participantes que completarem o trabalho necessário receberão um certificado emitido pelo Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americana, endossado pelas instituições participantes. O certificado leva cerca de seis meses para ser concluído. Por favor, note que esse curso não concede méritos ou implica a concessão de diploma acadêmico da Universidade Harvard. Todas as apresentações e palestras podem ser acessadas gratuitamente no canal do YouTube do Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americana pelos interessados. O preço do certificado é de US$ 250.”

Doutor em Antropologia

Ao humilhar o estudante, o professor usou justamente seus títulos acadêmicos para diminuir a opinião do aluno. “Quando você entender o que é ser uma pessoa deste tamanho, lembrará deste dia com muita vergonha”, advertiu. “Então, a minha recomendação é: respeite-me, porque sou doutor em Antropologia. Não tenho opinião, sou especialista em Harvard. No dia em que você quiser discutir conosco, traga seu diploma e sua opinião, fundamentada em ciência. Aí sim poderá discutir com um especialista em Harvard.”

A conduta do professor poderá ser investigada pelas autoridades, visto que o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) penaliza quem “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”. A pena é de seis meses a dois anos de prisão.

Segundo o advogado Sylvio Rocha Filho, mestre em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aluno foi submetido a uma humilhação pública. “Resta saber se o estudante foi submetido a vexame ou constrangimento”, afirmou. “O professor usou um conceito chamado ‘argumento de autoridade’ para menosprezar o aluno.”

A Avenues, cuja mensalidade é de R$ 10 mil, informou que “resolverá a situação da melhor forma possível”.